Do Vazio à Luz: Lições de Thunderbolts para Vencer a Depressão e Reconstruir Laços com Nossos Cães
Alguns filmes não são apenas entretenimento — são espelhos da alma. Thunderbolts é um desses casos raros. Por trás da ação e dos heróis, ele nos coloca diante de um inimigo invisível e devastador: o vazio. Esse mesmo vazio que consome sonhos, rouba propósitos e faz a vida perder o brilho.
A luta contra o vazio no filme
Desde o início, o filme mostra um mundo apagado, sem cor. Helena veste o luto por fora e por dentro: carrega a solidão, a dor e a falta de direção. Já Bob encarna a luta mais cruel de todas: a batalha contra si mesmo.
O ponto crucial é quando Bob enfrenta o Sentinela, a personificação do vazio. Ele é provocado, cutucado em suas feridas, até reagir. E quanto mais ele bate, mais o vazio se alimenta dele. Cada soco é uma autodestruição. Cada golpe é ele mesmo se afundando ainda mais. É assim que o vazio age: nos faz acreditar que lutar sozinhos é solução, quando na verdade é a armadilha perfeita para nos engolir.
E é nesse instante, quando Bob está prestes a ser devorado pelo próprio abismo, que surge a cena mais poderosa: o abraço coletivo. O grupo se une ao redor dele, mostrando que a saída não está em lutar contra si, mas em permitir que outros lutem junto. O vazio perde força diante da união.
A vida real: quando o inimigo somos nós
Quantas vezes fazemos como Bob? Tentamos vencer nossos próprios vazios na marra, sozinhos, no silêncio. Mas cada autocrítica, cada martírio, cada queda se torna alimento para a depressão. E o ciclo recomeça.
A verdade é dura: muitas vezes, o inimigo não é externo — é a própria mente. Ela sussurra que nada faz sentido, que não vale a pena, que desistir é mais fácil. E é nesse estado que muitos acreditam que adotar um cachorro vai preencher o buraco. Mas quando não conseguimos cuidar de nós mesmos, a chance de desistir aumenta ainda mais. O primeiro passo não é buscar mais peso — é buscar ajuda. É reconhecer: “eu não dou conta sozinho”. Isso não é fraqueza, é coragem.
Cães e suas próprias batalhas
E os cães? Também carregam seus vazios. Ansiedade de separação, comportamentos destrutivos, agressividade… são formas de gritar por socorro. Mas, assim como acontece conosco, a reação mais comum das famílias é desistir. “Não tem jeito”, dizem. E entregam o cão ao abandono — ou se resignam a viver num ciclo de frustração.
Mas desistir nunca trouxe alívio. O que traz mudança é o mesmo que salvou Bob: apoio, direcionamento e persistência. Um cão ansioso precisa de estrutura, um cão agressivo precisa de clareza, e todos eles precisam de alguém que não largue a guia.
Assim como Bob não venceu o vazio sozinho, nenhum cão vence o desequilíbrio sem a mão firme e amorosa que o guia.
O abraço que vence o vazio
O filme nos ensina que não é batendo no vazio que encontramos saída — é aceitando que sozinhos não vencemos. Helena descobre alívio quando se abre. Bob encontra paz quando permite ser abraçado.
Na vida real, é igual. Pessoas precisam de apoio para vencer a depressão. Cães precisam de famílias que não desistam deles. Ambos precisam de presença, paciência e persistência.
O abraço coletivo de Thunderbolts não é apenas uma cena bonita. É um lembrete:
Para quem sente que não aguenta mais: não lute sozinho.
Para quem convive com um cão difícil: não desista dele.
Para quem já caiu inúmeras vezes: levante mais uma.
✨ Reflexão final
No último frame, Helena suspira. Mas não é mais o suspiro de dor. É um suspiro de alívio, de quem sobreviveu ao vazio.
E aqui está a mensagem que ecoa além da tela:
O vazio existe, sim. Ele derruba, ele sufoca, ele convence você a se punir. Mas ele não é invencível. Nem para as pessoas, nem para os cães.
A maior vitória não é nunca cair — é permitir-se levantar, mesmo cansado, mesmo machucado, mesmo achando que não vai conseguir.
E quando nos levantamos juntos, descobrimos que há uma luz capaz de atravessar qualquer sombra.
Porque no fim, não é a força bruta que nos salva, mas a mão estendida, a guia firme, o abraço que lembra:
você nunca esteve sozinho.